O ano de 2002 foi mágico para mim porque foi quando meu irmão me apresentou muitas das bandas que ouço até hoje, bandas como Tourniquet, Stryper, Relient K, Whitecross, Bride, Switchfoot e Anberlin. Também me foi apresentada a banda Narnia que, num primeiro momento, não havia me agradado, mas acabava ouvindo porque meu irmão escutava frequentemente no computador. Um parênteses aqui: essas bandas que meu irmão me apresentou foram, em sua maioria, foram apresentadas a ele pelo nosso primo Thiago.
Pulando agora para 2006 ou 2007. Meu irmão já estava morando sozinho e de vez em quando fazia algumas visitas na casa que estava morando com meus pais e irmã. Em uma dessas visistas, ele trouxe um presente para mim: um CD verde da Kelpex com algumas músicas que eu poderia gostar. Não tinha nenhum nome de artista ou música escrito, em lugar algum. No meio dessas músicas, lembro que incluía Liquid Tension Experiment, Bride, U2, P.O.D e Narnia. Lembro que a música do Narnia me chamou muita atenção e gostei, talvez porque me lembrou da trilha sonora do saudoso Mega Man X6 de PlayStation 1. Era a música Judgement Day, e descobri de qual banda era, resolvi ouvir tudo deles e, daquele momento em diante, se tornaram uma das minhas bandas favoritas.
A cada lançamento ou anúncio, lá estava eu curtindo e apoiando, além dos projetos paralelos de cada um dos membros. A saída do vocalista Christian Liljegren e entrada do vocalista Gérman Pascual; o hiato e eventual retorno com o Christian, mais uma vez, nos vocais e rendendo a produção de material inédito em 2017. Até mesmo uma das minhas grandes tristezas foi não poder ir ao primeiro show deles no Brasil, também em 2017, que rendeu a gravação de um disco ao vivo We Still Believe.
Porém, em 2019, com o novo disco, From Darkness To Light, eles vieram ao Brasil e, por uma grandíssima felicidade, meus primos Vinicius e Larrisa me deram um ingresso para o show deles, que seria em parceria com as bandas Tourniquet e Stryper, já mencionadas no primeiro parágrafo. Por conta de um desacordo entre a produção e a banda Tourniquet, apenas Narnia e Stryper vieram ao show que, ainda assim, foi um momento maravilhoso na minha vida. Inclusive tive a chance de ter o CD autografado pelo Christian, além de uma foto com ele.
O disco From Darkness To Light é o ápice da banda. Apesar das mudanças que ocorreram durante seus 24 anos, alguns detalhes dos discos clássicos aparecem aqui ou ali, tornando-o o mais inovador e ao mesmo tempo o mais firmado em suas raízes musicais. Outra coisa que tenho que apontar é que mesmo com essas mudanças musicais, algo permanece invariável desde o primeiro disco, em 1996: o que eles creem.
Assim como eu, eles são cristãos, e isso fica bem claro em suas letras e até mesmo em sua postura, o que pude presenciar no show e na fala do vocalista. Isso não foi empecilho para que a banda fizesse covers de bandas não-cristãs durante sua carreira, como Uriah Heep, ou até mesmo estivessem em turnê com bandas não-cristãs, como Stratovarius. Neste disco essa postura não é nem um pouco diferente. Pelo contrário, trazem como tema central o que muitos pregadores têm esquecido de mencionar: a volta de Cristo. Também podemos ver nas letras que um cristão também passa por dificuldades, que uma vida com Deus não o isenta de enfrentar problemas, mas a forma de ver e lidar com eles é diferente.
Desde a voz linda e precisa do Christian Liljegren, os arranjos e solos de guitarra do CJ Grimmark, a bateria de Andreas Johansson em compassos simples e complexos que fazem seu coração pulsar junto, o baixo de Jonatan Samuelsson (membro mais recente da banda) completando a "cozinha" da banda em perfeito acompanhamento com a bateria e arranjos certeiros sem que destoe do conjunto, e o tecladista Martin Härenstam, que já apareceu em outros discos da banda mas não como membro oficial até então, contribuindo com a ambiência que preenche as músicas. Este disco é uma viagem de 45 minutos que parecem se passar em 10. A musicalidade transborda.
Mesmo amando todas músicas e sabendo todos inícios, arranjos e solos, destaco essas, na ordem em que aparecem, como principais:
- A Crack In The Sky
- You Are The Air That I Breathe
- MNFST
- The War That Tore The Land
- Sail On
- From Darkness To Light (Pt. 1 e 2)
O meu xodó do disco é "The War That Tore The Land", que mesmo já tendo esse carinho por ela antes do show, enquanto executada ao vivo provocou um momento especial, aonde cabeludos, barbudos e adultos choravam enquanto cantavam. O disco como um todo já tem um espaço separado em meu coração, sendo que consta como mais tocado em meu last.fm (embora tenha escutado ele muitas outras vezes que não foram registradas no site).