12 de janeiro de 2012

Diário de Bordo: Uma Aventura Entre Irmãos


já informo que é um texto grande
leia com carinho e paciência
algumas músicas e cenas citadas estarão no final da postagem


Depois de muito tempo bolando e pensando no que escrever sobre como foi minha viagem de ida e volta junto com meus irmãos, finalmente aqui está um resumo (talvez não tão resumido assim) de como foi nossa ida para Itajubá-MG e retorno para Cascavel-PR.

Antes da viagem propriamente dita começar, a história começa na tarde do dia 23 de Dezembro, quando fui na Lojas Americanas comprar cd virgem para gravar a trilha sonora da viagem, que não seria nada curta. Eu todo feliz com 20 cds na mão até que a caixa que me atendeu, depois de ter contado os cds olhou para mim e disse:

              - Senhor, não gostaria de aproveitar a promoção e levar o cd da Paula Fernandes por apenas 20 reais?

              - Moça, eu não gosto de Paula Fernandes! *com um sorriso bem disfarçado*
              Ela esbugalha o olho, perde a cor e me encara como se fosse o fim do mundo.

              - Isso mesmo moça, eu não gosto de Paula Fernandes. Se fosse um cd do Iron Maiden, Metallica, ~~ a partir daqui avacalhei porque não gosto dessas bandas ~~ Sepultura, Korn, Disturbed eu até pensaria em levar.

              - Só falta me dizer que você gosta de Marilyn Manson!!!

              - Não não... Acho ele muito bizarro...

              Minha mente para começar a viagem já tinha dado um grande ânimo depois deste ocorrido.

Em casa, depois de ter arrumado a mala e organizado na sala pra quando fosse a hora de sair, apenas pegar tudo e descer, comecei a gravar a trilha sonora da viagem. Separei um monte de música. O tempo que tive, deu para gravar 6 cds mas não gravei de qualquer forma. Coloquei TODAS no Windows Media Player e mandei ele embaralhar de forma aleatória as música, logo, eu não saberia qual música estava em qual cd. Enquanto ia gravando os cds, fui conversando com minhas tias na internet. Foi uma conversa muito boa que vou guardar em minha mente porque elas me tranquilizaram bastante com relação ao vestibular, porque nesse dia chorei por causa do resultado. Faltando meia hora antes do combinado pra levantar e tomar o rumo da estrada, desliguei o computador depois de ter gravado o 6º cd e fui deitar. Eu tinha colocado o despertador, mas de nada adiantou. Acordei com meu irmão me chamando insistentemente. Eu parecia um zumbi!

Quando estávamos nós 3 no carro, começou nossa trilha sonora. Uma música melhor que a outra (claro que não vou lembrar qual estava em qual). Durante um certo tempo de viagem, logo quando o sol começou a iluminar tudo, meu irmão, que tinha pegado um óculos emprestado pra poder viajar, antes de colocar ele disse:

              - Mari, por favor pega pra mim o óculos? Ahh, este óculos é incrível. Ele é anti-tudo. antirreflexo, anti-tiro. Reza a lenda que é até anticoncepcional.

Pronto... Depois que ele colocou o óculos, um pombo bateu com tudo no para-brisa do carro. Foi motivo de risada: só não é anti-pombo!!!

Detalhe para mim que mesmo em estado zumbi por ter dormido somente meia-hora, não tinha dormido até aquele ponto. Isso estávamos acho que na metade do segundo disco.

Cada cd tinha música que identificava somente comigo, somente com meu irmão, somente com minha irmã ou com nós três. Quando chegamos no 4º, foi este que mais se identificou com os 3.

Veio uma sequência incrível de músicas: Bycicle Race (Queen), Stop The Rock (Apollo 440), I Got You (James Brown), Tornado of Souls (Megadeth), I Don’t Wanna Miss A Thing (Aerosmith), They Don’t Care About Us (Michael Jackson), Thriller (Michael Jackson) e Fly Away (Lenny Kravitz).

Na altura do Queen, meu irmão tinha me perguntado se eu não tinha colocado nenhuma deles. Logo após o comentário, qual música começa a tocar? Primeiro motivo de susto e risos. Quando começou a tocar Stop The Rock, meus dois irmãos começaram a gritar: Noooooossaaaaaaa, eu não esperava essa música NUUUNCA! - Diversão na certa (essa música foi considerada a trilha da nossa viagem, junto com outras duas).

Quando estava tocando James Brown, passamos por um pedágio e, a cada pedágio que passávamos, fazíamos questão de deixar o som alto. As meninas que estavam tentando vender o “Passe Livre” olhavam pra dentro do carro com uma cara de susto. O cobrador, quando foi receber o dinheiro, deu um grito junto com a música. Pra que? Foram 4 pessoas rindo! Coitado... A cada carro que passava, 98% deveria estar tocando sertanejo ou não estar tocando nenhuma música.

O nosso caminho seguia normal, observávamos as paisagens, os nomes das cidades. Nada de muito diferente até que, um motoqueiro nos chamou muito a atenção. Ele era “grande”. Chegamos a chamar ele de bonecão de posto. Aqui no Paraná, após as cabines de pedágio, tem um tipo de casinha onde dá pra esticar a perna, usar o banheiro, tomar uma água, olhar o mapa ou apenas esticar as pernas. Esse bonecão tinha parado, assim como nós, só que, o mais engraçado, o cara REALMENTE era um bonecão de posto. Não era culpa do vento que deixava ele grande. Aliás, um dos principais motivos de pararmos bastante era por minha causa, devido a meu problema na coluna. Dizia meu irmão que ele tem um super-herói, assim como o Quarteto Fantástico tem o Tocha Humana, ele tem o Escoliose Humana. Outro motivo pra diversão durante o resto da viagem.

Na entrada da cidade de Londrina, existem algumas fábricas de café e (óbvio que) o cheiro de café fresco fica no ar. Meu irmão todo feliz de que iria sentir o cheirinho de café, quando viu uma silo grande disse:

              - Nossa, que cheirinho de café!!

Quando chegamos mais perto, era uma fábrica de rações. Nada de cafeeiros por perto.

Eu digo que a viagem foi divertida até este ponto mais ou menos, porque pouco depois o sono e cansaço vieram juntos. Resultado: dormi praticamente metade do trajeto percorrido no estado de São Paulo. Quando acordei, estava querendo escurecer, o tráfego tinha aumentado e a impaciência também.

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Em Itajubá, foi muito bom reencontra os familiares, pai e mãe, avôs e avós, tios e tias. Passar a véspera de Natal e o Natal com eles.

Um dos motivos TAMBÉM pelo qual fomos pra lá foi buscar as minhas roupas e de minha irmã também. Por causa disso, ficamos alguns dias a mais.

Teve um dia que chegamos nós três muito tarde em casa e não estávamos nem um pouco afim de fazermos algo pra comer. Enquanto minha irmã estava no telefone com uma amiga, eu e meu irmão fomos procurar algum lugar que talvez estivesse aberto a essa hora.

Passamos no sambódromo e tinham algumas barracas sendo montadas. Paramos perto de um senhorzinho e perguntamos se ele sabia de algum lugar que estivesse aberto, porque até então não tínhamos tido vestígio algum. O bom senhor disse que não fazia ideia mas que, dali meia-hora o homem do pastel estava chegando. Fiquei impressionado com o empenho deles de estarem ali, 3 horas da manhã começando a montar suas barraquinhas.

Eu e meu irmão continuamos nossa jornada em busca do lanche ou qualquer coisa que desse pra satisfazer nossa fome. Perdidos em meio a madrugada, encontramos um motoqueiro empurrando sua moto. No desespero, perguntamos a ele. Ele nos indicou um lugar onde a distância era tipo LÁÁÁÁÁÁÁ. Agradecemos e fomos a procura do tal lugar. No meio do caminho, em frente a um ponto de mototáxi, haviam dois seres. Um identificamos como traveco mas o outro... ficamos em dúvida. Muito bem produzida e linda para ser um homem... Mas enfim, achamos o tal lanche e mais meia hora depois conseguimos pegar nossa comida e levar para nossa irmã.

Em Itajubá não aconteceu muita coisa que merecesse TANTO destaque assim. Prossigo então com nossa viagem de volta.

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Na tarde do dia 29, peguei os cds que haviam sobrado da primeira gravação e gravei outra sequencia músicas, só que dessa vez só evangélicas!

Logo no começo da viagem, já desmontei e dormi. Acordei quando já estávamos no estado de São Paulo (se bem que de Itajubá pra entrar em SP não é muito longe). Quando acordei, falei pra minha irmã que ela poderia dormir um pouco que eu ficaria acordado com meu irmão. Rapaz, foi tenso hein! O cansaço estava me dominando de tal forma... Depois de algumas horas, acordei ela falando que estava morrendo de cansaço. Ela deu risada mas disse que já tinha dado pra recuperar as forças e seguir em frente.

Cochilei pouca coisa e logo depois acordei. Minha irmã tinha dito que erramos o caminho. Procurando um retorno, o carro deu um barulho muito estranho e meu irmão no mesmo instante procurou colocar o carro no acostamento, porque disse que tinha perdido completamente a estabilidade e não conseguia manter o volante reto. Ficamos preocupados, porque antes de sair de Minas, fizemos uma segunda revisão no carro pra viajar seguros.

Duzentos metros à frente tinha um posto de Polícia Rodoviária. Meu irmão foi lá procurar eles pra buscar um guincho, já que não conseguimos identificar qual era o problema.

Enquanto meu irmão foi lá buscar ajuda, eu peguei meu violão e, junto com minha irmã, fomos debaixo de uma arvorezinha perto do carro e começamos a cantar. Das músicas que toquei, só me lembro de ter tocado “É Preciso Saber Viver”, na versão do Titãs.

Depois de um tempo, meu irmão aparece correndo e, quando nos viu, fez como jogador de futebol: colocou a camiseta na cabeça, ergueu os braços e veio “comemorando”. Risada na certa!

Enquanto esperávamos o guincho, ficamos lá tocando violão, acenando pros carros que buzinavam pra nós. Pra que chorar sendo que você pode rir da vida, mesmo tudo parecendo que está dando errado?

Uns 10~20 minutos depois apareceu o guincho. Entramos em nosso carro e fomos sendo guiados. Tenho que confessar: sensação estranha e engraçada ao mesmo tempo. Seu carro está andando mas o motor está desligado, sem contar o balanço que ele faz! Neste tempo, fomos avisando amigos e parentes sobre o acontecido do carro, já que estávamos próximos de uma cidade e tinha torre de celular, e dando muitas risadas com o fato de estarmos em um guincho.

Falando em celular, quando fomos tocar violão embaixo da arvorezinha, minha irmã pegou os dois celulares dela, o de Minas e o do Paraná. O de Minas tocou e ela foi atender. Enquanto falava no telefone o guincho chegou e nos pegou. Resultado: o celular com o chip do Paraná ficou na rodovia!

O guincho nos deixou perto de um posto de gasolina na cidade de Piracicaba. Ele fez a parte dele, já que era um serviço do DER e nos indicou algumas oficinas. Depois de ter ido embora, meu irmão primeiramente foi procurar a tal oficina que o guincheiro tinha indicado, já que a certeza de não estar aberta era muito grande por ser dia 30 de Dezembro. Logo, meu irmão voltou dizendo que não tinha achado.

Nós 3 resolvemos sair juntos à procura de uma oficina, mesmo sabendo da incerteza de encontrar uma. Nisto, enquanto pegávamos alguns utensílios que seriam “importantes” caso fôssemos ficar hospedados em um hotel, um carro que vendia a famosa “Pamonha de Piracicaba” passava por perto. Abordamos a vendedora pedindo ajuda, se ela sabia de alguma oficina ou coisa assim. Ela tentou nos ajudar e até ofereceu carona até o shopping. De nada adiantaria naquele momento ir para o shopping sem a última gota de certeza do mecânico.

Continuamos a procurar... E procurar... Até que descendo algumas quadras, encontramos uma oficina aberta. Chegamos lá e perguntamos se eles estavam atendendo, mas logo responderam que não, era só pra limpeza mas, o homem que nos atendeu foi muito gentil e foi ligando para outras oficinas que talvez pudessem estar abertas. Ele achou uma e nos indicou o lugar. Agradecemos e seguimos nosso caminho.

Apesar de ser uma história um tanto quanto tensa, demos bastante risada: chorar pra que? Também rimos bastante do sotaque regional. Um sotaque bem puxado MESMO, algo bem tipo o filme A Família Buscapé. Parece que existe somente em brincadeiras, tipo esse filme, mas de fato não é.

Assim que encontramos primeiramente a oficina, conversamos com o Alemão, que é o mecânico. Ele não estava muito afim de atender mas o pastor que estava do lado dele (isso foi antes de sabermos que ele era pastor) falou pra trazer com uma grande empolgação. Se não fosse por isso, acho que o Alemão não teria nos atendido.

Com muito medo do barulho que o carro estava fazendo, fomos abaixo de 20 km/h até chegarmos na oficina. Lá colocamos o carro dentro da garagem e o ajudante do Alemão foi analisando o carro. Quando ele ergueu as rodas traseiras, meu irmão colocou o pé apenas por colocar na roda traseira esquerda... Ela estava COMPLETAMENTE SOLTA, apenas presa por nãoseioquê!

Na hora fiquei muito assustado mas logo depois agradeci a Deus, porque se tivéssemos “acertado” o caminho, quem sabe onde cargas d'água eu e meus irmãos estaríamos agora?

Na oficina, conversamos com todos ali. O Alemão era uma figura e tanta. Velhinho já mas firme na sua posição e saúde (apesar de sempre estar com um cigarro na boca). Ali chegou a esposa dele, conversamos também com ela. Sem contar os comentários do ajudante do Alemão. “Mulher pra mim é igual carro: quando vence o IPVA já está na hora de trocar” e outros muito nada a ver.

Ali também estava o pastor Olegário. Esse sim vai ser difícil esquecer. Ele não trabalha com o Alemão mas é um grande amigo do mesmo. Ele ali ficou firme até a hora do carro consertar (e isso foi mais de 3 horas!). Conversou, brincou, deu o telefone, falou pra cantarmos na igreja dele quando passássemos por Piracicaba. Ele ali foi um anjo em nossas vidas, assim como o Alemão, a esposa dele e o ajudante.

Depois de pronto o carro, antes de sairmos o pastor orou com a gente. É um milagre estarmos vivos e eu aqui escrevendo pra vocês esta história. Logo após a oração, despedimos de todos ali (a esposa do Alemão chorou!) e o pastor nos guiou até a saída da cidade.

Seguimos então com nossa aventura... Agora sim começava a ficar divertida a história!

Por diversas vezes paramos pra poder ver o mapa e o caminho que estávamos seguindo, se DE FATO era o certo ou não. Erramos toda vez que achávamos que não precisava do mapa. Nessas paradas e em alguns caminhos sem parar mesmo, encontramos diversos tatus mortos. O primeiro deles foi quando o mapa voou pela janela. Minha irmã deu um grito quando isso aconteceu. Eu vi a cena toda por estar sentado no banco atrás dela. Voltamos correndo para pegar o mapa. Assim que ele estava em nossas mãos, meu irmão olha para o para-brisa e diz: “Nossa, um réptil! Que lindo!”. Quando nos aproximamos de lado, vimos que era um tatu morto e não um réptil em seu banho de sol.

Mas a viagem não foi feita somente por tatus mortos e mapas voadores. Também foi feita também de erros ao ler ou identificar, como citei lá em cima sobre “o cheiro de café”, mas nessa altura meu irmão viu uma pequena placa e comentou:

              - Ué? Mas não era pra estarmos na rodovia 277 não.

Depois de olharmos bem, era o km 277 e não a rodovia. Por fim, fomos chegando perto da cidade Ourinhos e nesta altura resolvemos que não continuaríamos a viagem mas sim que iríamos parar em um hotel pra descansar o nosso físico e mental que estavam muito abatidos.

Pouco antes da cidade de Ourinhos tem dois postos de parada do Graal. Paramos no que vem por primeiro. Lá pedimos algo para não passarmos fome. Enquanto meus irmãos pegaram salgado, como eu não estava me sentindo muito bem, fui pegar algo mais leve. Fui pedir apenas um pão na chapa. Enquanto esperava, meu irmão veio ver se eu estava pouco melhor. Nisso, ele perguntou pra atendente sobre um hotel em Ourinhos. Ela como era de Santa Cruz do Rio Pardo não sabia em Ourinhos mas sim na cidade dela. Ela disse que também teria um “bailão” lá e convidou a mim e meu irmão para irmos no mesmo. Senti uma leve cantada dela hehe

Saindo do Graal, procuramos a tal cidade e o hotel. Achamos ele e NOSSA! Que hotel bonito e confortável. Lá dentro, já no quarto em que pegamos para passar a noite, combinamos a ordem de tomar banho. Meu irmão foi o primeiro. Assim que ele tirou a camiseta, mais um motivo para dar muitas risadas. Ele virou o sorvete napolitano da viagem. Cara vermelha, braço preto e peito branco... Sem contar que também virou nosso Johnny Cage, porque o óculos que usava era semelhante do mesmo e, do tempo que ficou com o sol na cara, deixou a parte que o óculos protegia branco!

Assim que acordamos, tomamos um café de marajá. Tudo no melhor e caprichado. Isso sim que é um pontapé inicial para uma viagem LONGA. Na mesa mais parecíamos amigos fazendo uma viagem junto do que três irmãos viajando juntos.

A estrada estava nos esperando, assim como outros fatos.

No caminho pegamos chuva e, acredite se quiser, dentro do carro teve goteira!!! E pra ajudar ainda, a neblina estava muito forte. Ahh, não posso deixar de destacar que as músicas estavam sempre nos animando a continuar na estrada no melhor estilo rock n' roll/metal.

Depois de Ourinhos já é a divisa do estado de São Paulo com Paraná, e a primeira cidade é Londrina. Logo depois de Londrina tem a cidade de Santa Mariana. Em Santa Mariana fizemos uma parada pra ir no banheiro e esticar as pernas. Depois de eu ter ido no banheiro, sentei numa poltrona que tinha no restaurante e fiquei esperando meus irmãos. Sim, eu cochilei bonito a ponto de sonhar naquela poltrona. Acordei com os dois rindo de mim!

De Santa Mariana tínhamos que pegar um caminho que iria parar em Maringá. Pra variar só um pouquinho, erramos o caminho. Nos sentimos no meio DO NADA. Começamos a ficar com medo porque nenhum sinal de vida nos aparecia (bom, pelo menos daqui pra frente não encontramos mais tatus mortos). Ainda na expectativa de um ser vivente, encontramos um senhorzinho que andava literalmente jogando as mãos pro lado e empinando a cintura ao andar. Figura hilária! Paramos e perguntamos a ele qual o caminho pra cair na rodovia e seguir pra Maringá. Ele explicou o caminho. Agradecemos. Depois de agradecido, ele começou a falar TODAS AS CIDADES que iríamos passar na rodovia. Enfim conseguimos que ele parasse de falar e acertamos a rodovia.

Nesse tempo, dei uma cochilada. Dizem meus irmãos que nesse tempo eles passaram por um trecho zumbi. Casas e locais públicos destruídos, até mesmo um posto policial com um ventilador ligado e a luz acesa mas NINGUÉM dentro.

Pouco depois disso, meu irmão me acordou:


              - Jur! Esta aqui não parece a estrada para San Fierro (estrada no jogo do GTA San Andreas)?
              - Ããããn...
Tive consciência do que fiz mas foi a única palavra que consegui esboçar. Pra que? Tudo o que era pra ser afirmado ali no carro a resposta dos meus irmãos era “ããããn”.

Depois da estrada de San Fierro, permaneci acordado. Ali contemplei paisagens lindas e únicas. Tentei tirar algumas fotos mas elas não chegavam nem em 25% do que meus olhos conseguiram ver.

Na rodovia seguindo rumo a Maringá, tem a cidade de Marialva. Marialva é conhecida como a “Capital da Uva Fina” e, em homenagem a isso, fizeram uma uva gigante na entrada da cidade. Diz minha irmã que estava lendo um outdoor sobre a cachaça Jamel que fala sobre tomar com limão, quando ela perguntou se Marialva não era a cidade que tinha um limão na entrada. Pois é... Essa viagem foi feita para dar risada apesar de alguns fatos trágicos.

Na estrada existem diversas paradas, postos de gasolina, restaurantes, churrascaria, motéis, hotéis e o melhor de ver tudo isso são os nomes. Um motel que o nome me chamou muito a atenção e ser bem sugestivo com dois assuntos foi o “Route 69”, e uma churrascaria que chamou atenção não pelo nome mas sim pelo logo (diga-se de passagem EXECRÁVEL) foi a “Churrascaria Hércules”. Eles pegaram a imagem do Hércules (do desenho da Disney) mostrando o polegar como sinal positivo, e colocaram um chapéu de cowboy nele. Evito comentários.

Um fato que não esperávamos era que o blackout, que protegia a bicicleta que estava em cima do carro, fosse rasgar. O incrível foi apenas algumas tiras e, uma delas foi bem do lado do meu irmão, que era o motorista. Pra não ficar naquela bateção toda, ele pegou essa tira e colocou pra dentro até a próxima parada. Minha irmã que, perde o amigo mas não perde a piada, fez apenas um comentário: tá com muito sol aí?

Nesse ponto, já tínhamos feito mais da metade do caminho e já estávamos estressados com a demora e muito cansados. Um dos últimos pedágios que passamos, o cobrador não pegou com firmeza a nota. O dinheiro voou. Dale meu irmão sair correndo pra pegar o dinheiro, porque estava ventando. Ele ficou entalado entre a parede da cabine de pedágio e a lataria do carro. Isso conseguiu nos fazer tirar um pouco a tensão da viagem.

Já quase perto do destino final, vimos uma cidade chamada Mamborê. O que nos mais chamou a atenção foi o fato do slogan bem embaixo do nome da cidade “Mamborê, uma cidade em ótimo estado”. Isso nos soou como uma placa de “aluga-se” ou “vende-se”. Acho que esse marketing não deu muito certo não. Uma pena que não consegui tirar uma foto e achar uma imagem com esse escrito. Talvez apenas nós tenhamos tido essa impressão.

Como já estávamos bem cansados, decidimos colocar o cd de ida que mais combinou com a gente. Esse cd tiveram duas músicas que marcaram muito nós, e é algo que desejamos e queremos viver agora em 2012. São justamente a música “Epitáfio” do Titãs e “Dias Melhores” do Jota Quest. Esta última com direito a tocar 4 vezes.

Já no último pedágio, fomos bonzinhos com o cobrador e demos alguns dos nossos Bis pra ele como desejo de Feliz Ano novo.

Mais ou menos as 17 horas chegamos em Cascavel, deu pra descansar pouca coisa e já saímos pra um churrasco de virada na casa de um amigo.

Isto sim é uma viagem turbulenta, divertida, longa mas que foi curtida com muito amor e carinho entre nós três!